Dia 8 de março
comemoraremos mais um Dia Internacional da Mulher. Data criada em homenagem a
130 tecelãs mortas carbonizadas em uma fábrica nos EUA em 1857 quando
reivindicavam melhores condições de trabalho, equiparação salarial e redução da
carga horária diária de 18 para 10 horas. Que coincidência, não? Ou seja,
passado mais de um século as mulheres ainda são vítimas de discriminação e
preconceito no ambiente de trabalho.
Infelizmente em nosso
município não é diferente. Com relação à inserção no mercado de trabalho a
representação da mulher é menor. A participação delas no mercado de trabalho
formal ainda é um desafio para nossa cidade, não ultrapassou a casa dos 33,8%
em 2011. O percentual do rendimento feminino em relação ao masculino era de
74,8% em 2011, independentemente da escolaridade, uma clara constatação de
discriminação institucional.
E isso ocorre apenas na
casa alheia, na casa do vizinho. Na Câmara dos Vereadores de São Gonçalo, a
proporção de mulheres eleitas para o cargo de vereadora no município foi de
míseros 3,7%. A participação feminina na política é restrita; nas eleições de
2012, apenas 9,1% de vereadoras foram eleitas no Estado. Será que as mulheres
não se interessam por política? Ou são vítimas demais uma violação de direitos?
Na semana do Dia
Internacional da Mulher eu pensei em escrever esse texto para homenageá-las
nessa data tão especial e importante. Pensei em recitar um poema de Drummond,
ou quem sabe trecho de uma canção do mestre Cartola, ou então uma passagem
bíblica. Mas desisti ao ler um exemplar da revista “Isto É” com uma matéria
sobre a mulher, mais especificamente sobre a violência exercida contra elas em
seus lares ou ambientes familiares.
De imediato retomei-me do
compromisso ético e moral do meu mandato com a questão social do direito da
Mulher, à frente da Comissão do Direito da Mulher. Uma preocupação passou a
ocupar meus pensamentos: como está a questão da violência doméstica e familiar
contra as mulheres gonçalenses? A reportagem na revista nos trás dados,
informações e indicadores estarrecedores. Segundo estudos da ONU, 70% das
mulheres no mundo serão estupradas ou vítimas de violência ao longo de suas
vidas.
Ainda segundo a revista, o
Brasil ocupa a 7ª posição no ranking de países com maiores índices de
homicídios femininos no mundo, mesmo tendo uma das legislações mais avançadas
no mundo sobre o tema da violência contra a mulher e ocupamos os piores lugares
no ranking.
Pois bem, deixemos de lado
um pouco a pesquisa da ONU e vamos olhar um pouquinho para o nosso umbigo.
Vamos fazer nosso Raio-X. Meu mandato tem como fundamentação teórica o conceito
de Saúde-Social, grosso modo, buscamos ampliar ideia de saúde baseado meramente
na cura de doenças e bem-estar do cidadão e ampliamos a ideia de bem-estar para
todos os momentos de sua vida. Assim sendo, se uma mulher está sofrendo
violência doméstica e/ou familiar, ela está gravemente doente cultural, social
e psicologicamente.
De acordo com edições
anteriores do Dossiê Mulher do ISP (Instituto de Segurança Pública do Rio de
Janeiro), o município de São Gonçalo em 2010 ocupava o 3° lugar em registro de
vítimas ameaçadas de violência doméstica. Em relação ao quesito, tentativas de
homicídios, obteve um salto vexatório passando do 16° lugar em 2009 para o 2°
lugar em 2010 no estado, a mesma posição para homicídios dolosos. Os casos de
lesão corporal em 2011 cresceram 4,5% no estado, e na nossa cidade, 10,2%. Os
casos de ameaças aumentaram 6,4% em todo o estado, mas, em São Gonçalo,
cresceram 7,2%.
Em relação a crimes de
ameaça, nossas mulheres, nossas dádivas, são as maiores vítimas com 67%. No
caso de lesão corporal doloso, 64,5%. Além de estupro, com 82%, e também
homicídios dolosos, ou seja, quando o autor tem a premeditação, a intenção, São
Gonçalo está em 1° lugar no ranking estadual. Outro dado estarrecedor informa
que 72% dos ataques foram realizados em espaço doméstico e ambiente familiar
como nos casos de estupro, por exemplo. Além disso, o Dossiê Mulher do ISP, nos
trás a informação que metade dos estupros é realizado por pessoas próximas a
vítima.
Diante desse cenário de
horrores nos cabe buscar soluções que possam a curto e médio prazo diminuir
esses índices e melhorar a saúde da mulher gonçalense. Quando descobrimos que o
município de São Gonçalo dispõe somente de uma Casa de Acolhimento para esses
casos de violência, mas está fechada devido ao descaso e abandono de
administrações anteriores. Chegamos a levantar projetos para criação de Casas
de Acolhimento para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica e Familiar, mas a
própria Prefeitura já declarou que vai construir uma.
Além disso, a situação da
Deam de São Gonçalo também não é das melhores. A unidade está situada em Venda
da Cruz, dificultando o acesso das vítimas, além de ser distante do IML
(Instituo Médico Legal), o que atrapalha o trabalho dos policiais. O prédio da
delegacia não oferece estrutura e ao anoitecer o local fica tão perigoso que a
delegada Waleska Garcez é obrigada a solicitar que um dos inspetores de sua
equipe a acompanhem até o carro, devido à falta de iluminação, tornando o lugar
perigoso.
Segunda a própria
policial, o Governo do Estado prometeu em 2011 que em três meses uma unidade
nova ficaria pronta no Centro de São Gonçalo. Dois anos depois e nada mudou.
Péssimas condições de trabalho para uma equipe que atende a mais de 11 casos
por dia, 350 por mês, em média.
Não podemos deixar de
apontar que a extinção da Secretaria de Políticas Para Mulheres representou uma
derrota na luta contra esse cenário tão desfavorável e de urgência social.
Mesmo assim, queremos aqui ratificar nosso compromisso com a temática e o apoio
à secretária Tânia Soares à frente da Secretaria de Apoio a Mulher, Idosos e
Pessoas com Deficiência.
Medo, violência, vergonha,
dor, discriminação, estupro, preconceito, agressão, silêncio e humilhação, são
alguns dos sintomas despertados nas mulheres vítimas dessa violência brutal que
ainda nos assola em pleno século XXI. A violência doméstica contra a mulher é
um crime muitas vezes silencioso que pode gerar traumas irreversíveis em suas
vítimas. Por isso, é preciso agilidade no atendimento, no diagnóstico,
encaminhamento da denúncia, cobrar providências e respostas imediatas. Porque
não se pode tratar com negligência e descaso, algo que Deus criou para ser
exaltado e cultivado como uma flor. “Nosso descaso” (entre aspas) e omissão
podem amansar pequenas dores, mas com o tempo trazer grandes tristezas. Como o
vento que apaga uma vela, mas também aviva o fogo. Infelizmente, o dia
Internacional das Mulheres não é apenas de flores, é também de luta.
Um carinho
Entrega
de rosas e palestra para as mulheres
Depois de pesquisar a
semana inteira sobre a situação da Mulher no Brasil e no município de São
Gonçalo, o vereador Dr. Armando Marins decidiu fazer um carinho nelas no dia 08
de março, Dia Internacional da Mulher. No Centro do município, ele entregou rosas
para todas que passaram pela Rua Dr. Feliciano Sodré, em frente à Câmara dos vereadores e à
Prefeitura do Rio. Mil flores foram distribuídas, emocionando as mulheres que
passavam pelo local. No mesmo dia, outras 500 rosas foram entregues às mulheres
no Centro de Alcântara. E a reação delas foi a mesma: sorrisos e agradecimento
pelo gesto.
O vereador Dr. Armando Marins também visitou e distribui
rosas às idosas do Lar Samaritano e
Casa de Cristo Redentor. Além de estar à
frente da Comissão Parlamentar de Direito da Mulher,
ele também preside a Comissão Parlamentar de Direito do Idoso. O clima foi de
festa e alegria. No projeto Resocia, Armando Marins palestrou e falou um pouco sobre
os direitos das mulheres.
Violência e discriminação contra a mulher
Reviewed by
Dr. Armando Marins
on
19:21:00
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